Dr. Rafael Cadore

Imagem ilustrativa de pulmão com enfisema pulmonar

O que é Enfisema Pulmonar?

O enfisema pulmonar é uma doença crônica que afeta os pulmões, caracterizada pela destruição progressiva dos alvéolos, que são as pequenas bolsas de ar onde ocorre a troca de oxigênio e dióxido de carbono. Esta destruição leva a uma redução na elasticidade do tecido pulmonar, dificultando a saída do ar dos pulmões durante a expiração. Com o tempo, o enfisema resulta em uma redução significativa da função pulmonar, o que pode causar falta de ar severa e limitar as atividades diárias do paciente, principalmente devido ao componente obstrutivo da doença e diminuição gradativa da qualidade das trocas gasosas e da própria inspiração e expiração em si. Com isso o paciente passa a respirar com musculaturas acessórias e menos com o diafragma ( principal músculo da respiração).

Embora o enfisema seja uma condição irreversível, existem tratamentos que podem ajudar a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. 

Causas do Enfisema Pulmonar

A principal causa do enfisema pulmonar é o tabagismo ( praticamente em 80 a 90% dos casos).  Fumar cigarro danifica o tecido pulmonar ao longo dos anos, provocando inflamação crônica e levando à destruição dos alvéolos. Embora o tabagismo seja o fator de risco mais comum, a exposição prolongada a poluentes do ar, poeiras, produtos químicos industriais e a fumaça de lenha também pode contribuir para o desenvolvimento da doença. Em casos raros, uma condição genética conhecida como deficiência de alfa-1 antitripsina pode predispor um indivíduo ao enfisema, mesmo na ausência de exposição a fatores de risco ambientais. 

Vale lembrar que o próprio envelhecimento leva a perda de pulmão e consequente destruição natural dos alvéolos e sua estrutura normal. 

Quais principais sintomas do enfisema ?

Os sintomas variam de acordo com a gravidade da doença e podem se agravar com o passar do tempo, em especial naqueles pacientes fumantes ativos.

Listamos abaixo os principais e mais fáceis de reconhecer:

  1. Falta de Ar (Dispneia) 
  2. Tosse Crônica 
  3. Expectoração (Produção Excessiva de Muco)
  4. Chiado no Peito (Sibilos)
  5. Fadiga ou Cansaço Crônico
  6. Perda de Peso Involuntária 
  7. Cianose ( extremidades roxas)
  8. Aumento do Diâmetro Anteroposterior do Tórax (Tórax em Barril)

Como identificar o enfisema e sua classificação.

Para identificar e diagnosticar o enfisema inicialmente são necessários história e exame físico do paciente, indagando sobre a presença de tabagismo ou outras condições associadas. A imensa maioria dos pacientes são tabagistas ( ou seja DPOC tabágico) dependendo da quantidade de cigarros e tempo desde o início do tabagismo.

Após essa primeira abordagem alguns exames serão solicitados a fim de identificar o grau de enfisema e classificação funcional. São eles:

  • Espirometria com broncodilatador
  • Difusão de CO (monóxido de carbono)
  • Rx tórax 
  • Tomografia Computadorizada (TC de tórax)
  • Exames laboratoriais ( hemograma, função renal e hepática)
  • Gasometria arterial

Classificação funcional (GOLD)

  • DPOC leve = maior ou igual a 80% (GOLD 1)
  • DPOC moderada = Entre 50% e 80% (GOLD 2)
  • DPOC grave = Entre 20% e 50% (GOLD 3)
  • DPOC muito grave = Menos de 30% (GOLD4)

 

Essa classificação leva em consideração a espirometria e presença dos sintomas do paciente, ou seja, quanto pior a função pulmonar maior e mais intensa será a presença de sintomas como falta de ar e tosse, ate mesmo necessidade de oxigênio domiciliar.

Tratamentos para o Enfisema Pulmonar

O tratamento medicamentoso para enfisema e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é focado em aliviar os sintomas, melhorar a qualidade de vida, e retardar a progressão da doença. A escolha dos medicamentos depende da gravidade dos sintomas e da resposta individual ao tratamento. A cessação do tabagismo é sempre encorajada e é fundamental para evitar agravamento da doença ou falha no tratamento. A seguir, descrevo os principais medicamentos utilizados:

  1. Broncodilatadores de curta ação: ipratrópio, fenoterol, sabutamol  
  2. Corticosteroides Inalatórios: Budesonida, Fluticasona.
  3. Combinações de Broncodilatadores e Corticosteroides
    • Salmeterol/Fluticasona (LABA + ICS)
    • Formoterol/Budesonida (LABA + ICS)
    • Tiotrópio/Olodaterol (LAMA + LABA)
    • Umeclidínio/Vilanterol (LAMA + LABA)
  1. Inibidores da Fosfodiesterase-4 (PDE4): Roflumilaste:
  2. Oxigenoterapia domiciliar: pacientes com oxigenação abaixo de 88%
  3. Antibióticos em Exacerbações

 

O tratamento ideal para enfisema e DPOC é personalizado com base nos sintomas, gravidade da doença, e resposta ao tratamento. A abordagem geralmente começa com broncodilatadores de longa duração, podendo ser incrementada com corticosteroides inalados ou outros medicamentos conforme necessário. Além do tratamento medicamentoso, parar de fumar, participar da reabilitação pulmonar, e adotar um estilo de vida saudável são fundamentais para o manejo eficaz da DPOC e do enfisema. É importante que o paciente siga rigorosamente o plano de tratamento prescrito e tenha acompanhamento regular com o pneumologista.

Reabilitação Pulmonar e Oxigenoterapia

Além dos medicamentos, a reabilitação pulmonar é uma parte importante do tratamento. Ela envolve exercícios físicos supervisionados, educação sobre a doença e técnicas de respiração que ajudam a melhorar a capacidade pulmonar e a tolerância ao exercício. Em casos avançados de enfisema, onde a oxigenação do sangue é significativamente comprometida, a oxigenoterapia domiciliar pode ser necessária para garantir que o paciente receba oxigênio suficiente. Esta terapia pode ser contínua ou intermitente, dependendo da gravidade da condição.

Intervenções Cirúrgicas e transplante pulmonar

Em situações muito graves e selecionadas, onde os tratamentos convencionais não são suficientes, pode-se considerar a cirurgia. A cirurgia de redução de volume pulmonar, por exemplo, envolve a remoção de áreas danificadas dos pulmões, o que pode melhorar a função pulmonar em alguns pacientes. Em casos extremos, quando o enfisema é altamente debilitante, o transplante de pulmão pode ser uma opção, embora seja reservado para casos específicos devido à complexidade e aos riscos associados, sendo normalmente o último tratamento oferecido após todos outros já terem falhado. 

Posts recentes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *