Pneumonia é uma inflamação do pulmão, podendo ser causada por diversos germes como vírus, bactérias e ate mesmo fungos, gerando uma perda da troca gasosa da área afetada devido ao preenchimento dos alvéolos por líquido ou por pus, gerando consequências sistêmicas da infecção. Existem formas de pneumonia que não são infecciosas, por exemplo pneumonias auto imunes, pneumonias por aspiração de conteúdo gástrico (broncoaspiração) ou até mesmo por inalação de fumaça ou substâncias tóxicas. As causas infecciosas, em especial as pneumonias bacterianas são as mais comuns, sendo a quarta principal causa de morte no brasil.
Quais principais causas de pneumonia?
- Pneumonia bacteriana: A causa mais comum de pneumonia é a infecção bacteriana. Streptococcus pneumoniae é a bactéria mais frequentemente associada a esse tipo de pneumonia, especialmente em adultos. Outras bactérias, como Haemophilus influenzae e Mycoplasma pneumoniae, também podem causar a doença. A pneumonia bacteriana tende a se desenvolver rapidamente, com sintomas intensos, como febre alta, tosse produtiva e dor no peito.
- Pneumonia viral: Os vírus também são responsáveis por uma parcela significativa dos casos de pneumonia, especialmente em crianças e idosos. Vírus como o da gripe (influenza), o vírus sincicial respiratório (VSR), e o coronavírus (incluindo o SARS-CoV-2, responsável pela COVID-19) são causas comuns. A pneumonia viral tende a se desenvolver mais gradualmente do que a bacteriana, com sintomas como febre baixa, tosse seca e dores musculares. Em muitos casos, a infecção viral pode predispor o paciente a uma infecção bacteriana secundária.
- Pneumonia fúngica: Embora menos comum, a pneumonia também pode ser causada por fungos, especialmente em pessoas com sistemas imunológicos comprometidos, como pacientes com HIV/AIDS, aqueles em tratamento de câncer, ou que tomam medicamentos imunossupressores. Fungos como Histoplasma, Coccidioides e Cryptococcus são alguns exemplos de organismos que podem causar pneumonia.
- Pneumonia aspirativa: Este tipo de pneumonia ocorre quando alimentos, líquidos, saliva ou vômito são aspirados para os pulmões, geralmente devido a problemas de deglutição ou refluxo gastroesofágico. A aspiração pode introduzir bactérias ou outras substâncias irritantes nos pulmões, levando a uma infecção. Pacientes com condições neurológicas, idosos, ou aqueles que sofrem de abuso de álcool estão em maior risco de desenvolver pneumonia aspirativa.
- Outras causas: são exemplos as pneumonias causadas por doenças autoimunes, inalação de fumaça, sendo causas mais raras.
Números da pneumonia no mundo.
- A pneumonia bacteriana é a principal causa de morte por infecção no mundo e não diferente no Brasil, em especial nos extremos de idade ( crianças e idosos) e a 5a causa de morte no mundo.
- A doença tirou a vida de 2,5 milhões de pessoas, incluindo 672.000 crianças, somente em 2019 no mundo todo. Boa parte desses casos de pneumonia vem de complicações de síndromes gripais como influenza ou covid 19, mas até mesmo uma gripe comum pode complicar como uma pneumonia.
- Nas crianças é comum uma gripe ou resfriado complicar como uma otite e nos adultos como uma sinusite ou pneumonia.
Quais os principais sintomas da pneumonia?
Os principais sintomas da pneumonia incluem:
- Tosse: Pode ser seca ou produtiva, com expectoração de catarro que pode ser esverdeado, amarelado ou, em casos mais graves, conter sangue.
- Febre: Geralmente alta, muitas vezes acompanhada de calafrios e suor excessivo.
- Dificuldade para respirar: Sensação de falta de ar ou respiração rápida e superficial.
- Dor no peito: Normalmente uma dor aguda que se intensifica ao respirar profundamente ou ao tossir.
- Fadiga e fraqueza: Sensação de cansaço extremo e falta de energia.
- Confusão mental: Principalmente em idosos, a pneumonia pode causar confusão ou delírio.
- Náusea, vômito e diarreia: Esses sintomas podem ocorrer, embora sejam menos comuns.
- Sudorese e calafrios: Especialmente no início da infecção.
- Falta de apetite: A perda de apetite pode ser um sintoma associado, especialmente em crianças e idosos.
Os sintomas podem variar em intensidade e dependem da causa da pneumonia, da idade e da condição de saúde geral do paciente. Nos casos graves, a pneumonia pode levar a complicações sérias, como insuficiência respiratória ou sepse, requerendo atendimento médico imediato. Lembrando que nem sempre o paciente apresentará febre, em especial idosos, diabéticos ou pessoas com imunidade muito baixa.
Como fazer o diagnóstico de pneumonia?
O diagnóstico de pneumonia é um processo que envolve a avaliação clínica, exames laboratoriais e de imagem. A seguir, explico o passo a passo para um diagnóstico eficaz:
- Anamnese e Histórico Clínico: O primeiro passo para o diagnóstico é uma consulta detalhada, onde o médico coleta informações sobre os sintomas, que geralmente incluem febre, tosse produtiva (com expectoração), dor torácica, falta de ar e cansaço. É importante também investigar o histórico médico do paciente, como comorbidades (diabetes, DPOC, insuficiência cardíaca), uso de medicamentos e possíveis exposições a patógenos.
- Exame Físico: Durante o exame físico, o médico verifica sinais clínicos como taquipneia (respiração rápida), estertores (sons pulmonares anormais) ou diminuição dos sons respiratórios, que podem sugerir a presença de líquido ou secreção nos pulmões. A percussão do tórax também pode revelar áreas de consolidação, que são típicas na pneumonia.
- Radiografia de Tórax: Este exame pode revelar opacidades, que indicam áreas do pulmão preenchidas por líquido ou inflamação. A localização e o padrão dessas opacidades ajudam a identificar se a pneumonia é lobar, segmentar ou intersticial.
- Exames Laboratoriais: Para determinar a gravidade da pneumonia e o agente causador, o médico pode solicitar exames laboratoriais, como hemograma completo (para verificar leucocitose ou leucopenia), proteína C-reativa (PCR) e procalcitonina (marcadores inflamatórios). Em casos graves ou atípicos, pode ser necessário realizar a cultura de escarro, hemoculturas ou testes específicos para vírus ou bactérias, como o teste rápido de antígenos para pneumococo ou legionela.
- Tomografia Computadorizada (TC): Em alguns casos, especialmente quando a radiografia de tórax não é conclusiva ou quando há complicações, pode ser necessária uma tomografia computadorizada (TC) do tórax. A TC fornece uma visão mais detalhada das estruturas pulmonares, ajudando a identificar abscessos, empiemas ou outras complicações.
- Exames Complementares: Dependendo do quadro clínico, pode ser necessário realizar outros exames, como gasometria arterial para avaliar a oxigenação do sangue, broncoscopia (para coleta de amostras das vias aéreas), ou testes específicos para doenças autoimunes, caso haja suspeita de uma pneumonia relacionada a essas condições.
Nem sempre é possível identificar a bactéria causadora da infecção, mas a principal delas é chamada de Pneumococo ( para a qual já existe vacina para adultos e crianças). Exames de escarro para identificar outras bactérias são na maioria das vezes desnecessários, exceto nos casos crônicos com suspeita de tuberculose ou quando o tratamento inicial não funciona.
O diagnóstico precoce é o mais importante pois a cada minuto que o paciente fica sem receber o tratamento ( principalmente antibiótico) aumentam os riscos de complicações como derrame pleural ( água no pulmão) ou óbito.
Quem tem mais risco de ter pneumonia?
As pessoas que têm maior risco de desenvolver a doença são:
- Idosos.
- Crianças.
- Pessoas imunossupressas ou com imunidade baixa ( pessoas com câncer, HIV/AIDS, usuários de corticoide e imunossupressores),
- pessoas com doença pulmonar crônica ( DPOC ou enfisema, fibrose pulmonar, asmáticos).
Esses grupos de pacientes por terem maior propensão são indicadas a fazer vacinas contra gripe e pneumonia sempre que possível pelo seu médico assistente.
Qual o tratamento da pneumonia ?
O tratamento das pneumonias depende da causa subjacente, sendo essencial distinguir entre pneumonia bacteriana, viral e fúngica para direcionar a terapia adequada. A seguir, detalho as abordagens terapêuticas para cada tipo:
Tratamento da Pneumonia Bacteriana
A pneumonia bacteriana é a forma mais comum e frequentemente grave de pneumonia, especialmente em idosos e pessoas com comorbidades. O tratamento geralmente envolve o uso de antibióticos.
- Antibióticos: A escolha do antibiótico depende do agente causador suspeito, da gravidade da pneumonia e das características do paciente. Os antibióticos de primeira linha incluem:
- Amoxicilina: Frequentemente usada para tratar pneumonias causadas por Streptococcus pneumoniae.
- Macrolídeos (como azitromicina ou claritromicina): Indicados para tratar pneumonias causadas por Mycoplasma pneumoniae ou Chlamydia pneumoniae.
- Cefalosporinas de terceira geração (como ceftriaxona ou cefotaxima): Usadas em casos mais graves, especialmente em pacientes hospitalizados.
- Fluoroquinolonas respiratórias (como levofloxacina ou moxifloxacina): Indicadas em casos de alergia a penicilinas ou em infecções graves.
- Piperacilina-tazobactam ou carbapenêmicos: Utilizados em infecções hospitalares graves ou quando há suspeita de patógenos resistentes, como Pseudomonas aeruginosa.
- Duração do Tratamento: Geralmente, a terapia antibiótica dura de 5 a 7 dias para pneumonias adquiridas na comunidade, mas pode ser estendida em casos mais graves ou com complicações.
Tratamento da Pneumonia Viral
As pneumonias virais são causadas por vírus como o influenza, SARS-CoV-2 (COVID-19), vírus sincicial respiratório (VSR), entre outros. O tratamento varia dependendo do tipo de vírus e da gravidade da infecção.
- Antivirais:
- Oseltamivir ou Zanamivir: Usados para tratar pneumonia causada pelo vírus da gripe (influenza), especialmente se iniciados nas primeiras 48 horas de sintomas.
- Remdesivir: Um antiviral utilizado no tratamento de COVID-19, especialmente em pacientes com pneumonia moderada a grave.
- Ribavirina: Pode ser usada em infecções graves por VSR, embora seu uso seja limitado.
- Suporte e Cuidados Gerais: Além dos antivirais, o tratamento das pneumonias virais envolve suporte sintomático, como antitérmicos (paracetamol, ibuprofeno) para controlar a febre e analgésicos para aliviar dores. Em casos graves, pode ser necessário suporte ventilatório e cuidados intensivos.
Tratamento da Pneumonia Fúngica
As pneumonias fúngicas são menos comuns e ocorrem principalmente em indivíduos imunocomprometidos, como aqueles com HIV/AIDS, em quimioterapia ou que usam corticosteroides em altas doses.
- Antifúngicos:
- Fluconazol ou Itraconazol: Usados para tratar infecções causadas por fungos como Histoplasma ou Coccidioides.
- Voriconazol: Considerado o tratamento de escolha para pneumonia por Aspergillus.
- Anfotericina B: Usada em infecções graves, especialmente em casos de pneumonia fúngica disseminada ou quando há resistência a outros antifúngicos.
O sucesso no tratamento da pneumonia depende de um diagnóstico precoce e da escolha adequada dos medicamentos. Além disso, a resposta ao tratamento deve ser monitorada continuamente, com ajustes terapêuticos conforme necessário. Em muitos casos, especialmente nas pneumonias bacterianas e fúngicas, a aderência ao tratamento completo é crucial para evitar recaídas ou resistência medicamentosa.
Como posso prevenir ter pneumonia?
A prevenção da pneumonia é fundamental para reduzir a incidência e a gravidade desta doença, que pode ser potencialmente fatal, especialmente em populações vulneráveis como crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas. A prevenção abrange tanto medidas comportamentais quanto a vacinação, que desempenha um papel crucial na proteção contra os principais agentes causadores da pneumonia.
Medidas Gerais de Prevenção
- Higiene das Mãos: Lavar as mãos com frequência e de forma adequada é uma das maneiras mais simples e eficazes de prevenir infecções respiratórias, incluindo a pneumonia. O uso de álcool gel também é recomendado quando a lavagem com água e sabão não é possível.
- Evitar o Tabagismo: O tabagismo é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de pneumonia, pois danifica as vias aéreas e reduz a capacidade de defesa dos pulmões contra infecções. Parar de fumar é uma das melhores formas de proteger a saúde pulmonar.
- Manter uma Boa Nutrição e manter sua saúde em dia: Uma dieta equilibrada, rica em vitaminas e minerais, fortalece o sistema imunológico e ajuda o corpo a combater infecções. Em particular, o consumo de frutas e vegetais pode fornecer antioxidantes que são benéficos para a saúde respiratória.
- Praticar Atividade Física Regular: Exercícios físicos regulares melhoram a capacidade pulmonar e a função imunológica, o que pode ajudar a prevenir a pneumonia.
- Evitar a Exposição a Poluentes: A exposição a poluentes do ar, como fumaça e poeira, pode aumentar o risco de pneumonia. Minimizar o tempo em ambientes poluídos e utilizar equipamentos de proteção, quando necessário, são medidas importantes.
- Cuidado com a Saúde Bucal: Uma boa higiene oral pode reduzir o risco de pneumonia, especialmente em idosos, pois a boca é uma porta de entrada para bactérias que podem causar infecções respiratórias.
Vacinação
A vacinação é uma das formas mais eficazes de prevenir a pneumonia, especialmente contra os agentes patogênicos mais comuns, como o Streptococcus pneumoniae e o vírus da gripe. As principais vacinas recomendadas incluem:
- Vacina Pneumocócica:
- Vacina Pneumocócica Conjugada (VPC13): Protege contra 13 sorotipos de Streptococcus pneumoniae, que são responsáveis por muitas das infecções graves, incluindo pneumonia. É recomendada para todas as crianças menores de 5 anos, bem como para adultos com mais de 65 anos e para pessoas com condições de saúde crônicas ou imunossupressoras.
- Vacina Pneumocócica Polissacarídica (VPP23): Cobre 23 sorotipos de Streptococcus pneumoniae e é indicada para adultos com mais de 65 anos, bem como para grupos de risco como fumantes, diabéticos e portadores de doenças pulmonares crônicas.
- Vacina contra a Gripe (Influenza): A gripe pode levar à pneumonia viral ou predispor o paciente a infecções bacterianas secundárias. A vacinação anual contra a gripe é recomendada para todas as pessoas com mais de 6 meses de idade, especialmente para crianças pequenas, idosos, gestantes e indivíduos com doenças crônicas.
- Vacina contra o Haemophilus influenzae tipo B (Hib): Esta vacina protege contra infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo B, uma bactéria que pode causar pneumonia, meningite e outras infecções graves. É administrada principalmente em crianças como parte do calendário vacinal de rotina.
- Vacina contra COVID-19:. A vacinação contra a COVID-19 é essencial para prevenir casos graves da doença e suas complicações, incluindo a pneumonia.
Outras Considerações
A prevenção da pneumonia também envolve o manejo adequado de condições subjacentes que aumentam o risco de infecção, como diabetes, asma, DPOC e doenças cardíacas. Manter essas condições sob controle com o uso de medicamentos apropriados e acompanhamento médico regular é vital.
Além disso, em situações de surtos ou pandemias, como a pandemia de COVID-19, o uso de máscaras, o distanciamento social e a adesão às diretrizes de saúde pública desempenham um papel crucial na prevenção de infecções respiratórias.